Edição do dia 12/04/2018
12/04/2018 21h22
- Atualizado em
12/04/2018 21h22Fundos de pensão investiram quase R$ 500 milhões em empresas ligadas a empresário preso; MP diz que ele transferiu valores para paraíso fiscal.
Vídeo da Reportagem: https://globoplay.globo.com/v/6658397/
A força-tarefa da Lava Jato no Rio prendeu nesta quinta-feira (12)
suspeitos de fraudar fundos de pensão de funcionários público, dinheiro
da aposentadoria de trabalhadores.
O princípio de uma fraude resumido numa conversa de investidores com direito a deboche.
“Dilui a Postalis e o Serpros num valuation de 700, 800 milhões, e aí a empresa passa a faturar 80 milhões de reais por ano”.
A Lava Jato afirma que o dono da voz é Arthur Pinheiro Machado e o que ele fala mostra a seriedade como ele tratava o dinheiro público.
A Lava Jato afirma que o dono da voz é Arthur Pinheiro Machado e o que ele fala mostra a seriedade como ele tratava o dinheiro público.
O Ministério Público Federal diz que o empresário, preso na manhã desta
quinta-feira (12) em São Paulo, é sócio de pelos menos 38 empresas e
personagem principal do esquema que fraudou os fundos de pensão
Postalis, dos Correios, e o Serpros, do Serpro, o Serviço de
Processamento de Dados do Governo Federal.
Os fundos de pensão recebem dinheiro de funcionários, empresas ou
governos para fazer investimentos e garantir uma complementação da
aposentadoria.
O Postalis e o Serpros botaram quase meio bilhão de reais em empresas
ligadas a Arthur Machado. A investigação mostrou que o empresário
transferiu parte do dinheiro para empresas de programas de computador em
Delaware, paraíso fiscal nos Estados Unidos.
Só que os procuradores descobriram que a intenção não era comprar nada.
Era só tirar o dinheiro do Brasil para chegar à conta de doleiros. Os
doleiros mandavam os recursos até para a China para tentar esconder de
onde saíram. Depois de cobrar uma comissão, devolviam em reais, em
dinheiro vivo no Brasil, para quem Arthur Machado mandasse.
Um dos doleiros que faziam essas transações virou delator e contou que o dinheiro que voltava ao Brasil era usado para pagar propina exatamente para pessoas que têm influência sobre a escolha dos investimentos feitos pelos fundos de pensão. Isso garantia que o empresário continuasse a receber dinheiro do Postalis e do Serpros.
Um dos doleiros que faziam essas transações virou delator e contou que o dinheiro que voltava ao Brasil era usado para pagar propina exatamente para pessoas que têm influência sobre a escolha dos investimentos feitos pelos fundos de pensão. Isso garantia que o empresário continuasse a receber dinheiro do Postalis e do Serpros.
O doleiro delator Alessandro Laber diz ter feito vários pagamentos pessoalmente.
“Nós aqui nessa operação estamos focados no esquema de lavagem de
dinheiro, essa geração de dinheiro em espécie, e também na corrupção,
nesse pagamento de vantagens indevidas que é da ordem de R$ 20 milhões”,
disse o procurador Eduardo El Hage.
O lobista Milton Lyra, um dos sócios de Arthur Machado, também foi alvo de mandado de prisão. O Ministério Público diz que ele movimentou US$ 1 milhão usando o esquema.
O lobista Milton Lyra, um dos sócios de Arthur Machado, também foi alvo de mandado de prisão. O Ministério Público diz que ele movimentou US$ 1 milhão usando o esquema.
Milton Lyra já é investigado por suspeita de envolvimento com parlamentares do MDB em Brasília, como os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá. Lyra é apontado como operador financeiro que paga propina para captação de recursos do Postalis.
Outro suspeito de movimentar dinheiro é Marcelo Sereno, também preso
nesta quinta. Sereno foi chefe de gabinete e assessor especial do
ex-ministro José Dirceu e foi secretário de Comunicação do PT.
O delator afirmou que entregou R$ 900 mil em dinheiro a Marcelo Sereno.
Os procuradores suspeitam que Sereno também influenciava as decisões
sobre investimentos dos fundos. Na casa de um dos doleiros envolvidos,
Edward Penn, a Polícia Federal encontrou R$ 400 mil.
As investigações revelam que o esquema começou em 2011 e continuava até a operação desta quinta.
“Tem várias pessoas interferindo na tomada de decisão de aporte de recursos do fundo de pensão e todas essas pessoas receberam dinheiro. Agora, não temos como vincular isso, se isso foi para o PT ou foi para o PMDB. O que a gente está falando aqui é que existe uma tomada de decisão que foi influenciada por esses atores que receberam dinheiro e esse dinheiro foi de forma ilícita”, disse o procurador da República Rodrigo Timóteo da Costa e Silva.
“Tem várias pessoas interferindo na tomada de decisão de aporte de recursos do fundo de pensão e todas essas pessoas receberam dinheiro. Agora, não temos como vincular isso, se isso foi para o PT ou foi para o PMDB. O que a gente está falando aqui é que existe uma tomada de decisão que foi influenciada por esses atores que receberam dinheiro e esse dinheiro foi de forma ilícita”, disse o procurador da República Rodrigo Timóteo da Costa e Silva.
O que dizem os citados
Os advogados de Milton Lyra declararam que ele jamais participou de transações envolvendo o fundo Postalis e que as atividades profissionais do empresário são lícitas.
A defesa de Marcelo Sereno disse que ele nunca teve ingerência, influência ou voz de comando nos fundos de pensão e que vai entrar com um pedido de habeas corpus.
O Postalis declarou que está estudando o tratamento que vai dar aos investimentos de Arthur Machado.
A administração do Serpros reiterou o firme propósito de garantir a segurança e longevidade para o fundo, pautado no compromisso inafastável com a ética, a transparência e a diligência na gestão do patrimônio dos participantes.
O JN não conseguiu contato com a defesa do doleiro Edward Penn.
Os advogados de Milton Lyra declararam que ele jamais participou de transações envolvendo o fundo Postalis e que as atividades profissionais do empresário são lícitas.
A defesa de Marcelo Sereno disse que ele nunca teve ingerência, influência ou voz de comando nos fundos de pensão e que vai entrar com um pedido de habeas corpus.
O Postalis declarou que está estudando o tratamento que vai dar aos investimentos de Arthur Machado.
A administração do Serpros reiterou o firme propósito de garantir a segurança e longevidade para o fundo, pautado no compromisso inafastável com a ética, a transparência e a diligência na gestão do patrimônio dos participantes.
O JN não conseguiu contato com a defesa do doleiro Edward Penn.